Ao dimensionar sistemas fotovoltaicos para clientes do Grupo A (atendidos em média ou alta tensão), é fundamental entender os conceitos de demanda contratada, demanda de consumo, demanda de geração e como eles impactam a economia e a viabilidade da proposta.
Neste guia, você verá como esses conceitos funcionam dentro da plataforma SolarMarket e como ajustar corretamente os valores no seu projeto.
O que é demanda de geração?
A demanda de geração refere-se à potência máxima (em kW) que um sistema de geração distribuída, como uma usina solar fotovoltaica, pode injetar na rede elétrica. Com a Lei 14.300/2022, os consumidores do Grupo A que geram sua própria energia passaram a ter a possibilidade de contratar separadamente a demanda de geração, distinta da demanda de consumo.
Essa separação permite que o consumidor pague tarifas diferentes para o uso da rede elétrica, dependendo se está consumindo ou injetando energia:
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Demanda de consumo (TUSD C): tarifa aplicada sobre a potência contratada para consumo da rede.
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Demanda de geração (TUSD G): tarifa aplicada sobre a potência contratada para injeção de energia na rede.
A principal vantagem é que a tarifa de demanda de geração (TUSD G) geralmente possui um valor inferior à tarifa de demanda de consumo (TUSD C), tornando o projeto de geração distribuída mais viável financeiramente .
Observação técnica: por que a demanda deve ser igual ou superior à potência dos inversores?
A Lei 14.300/2022 exige que, para consumidores do Grupo A, a soma entre demanda de consumo e demanda de geração contratadas seja igual ou superior à potência nominal dos inversores instalados. Isso evita que o sistema injete mais energia do que a rede está preparada para absorver e garante estabilidade e previsibilidade no planejamento da concessionária.
Como isso afeta as propostas na prática?
Ao dimensionar projetos para consumidores do Grupo A:
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Compare a potência dos inversores com a demanda contratada atual.
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Se a geração exceder a demanda, você deve:
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Simular o aumento da demanda contratada.
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Considerar o custo adicional nas análises econômicas (economia, TIR, payback etc.).
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Exemplo prático atualizado
Suponha que um consumidor do Grupo A tenha:
- Demanda contratada de consumo atual: 50 kW
- Potência total dos inversores (capacidade de geração): 75 kW
Diante disso, o consumidor tem três opções:
1. Contratar 25 kW adicionais como demanda de geração (totalizando 50 kW de consumo + 25 kW de geração)
Essa é geralmente a opção mais vantajosa financeiramente, pois a tarifa de demanda de geração (TUSD G) costuma ser menor do que a tarifa de consumo (TUSD C). Assim, o cliente continua pagando os 50 kW de demanda de consumo e adiciona apenas os 25 kW excedentes como demanda de geração, alinhando os custos à realidade do sistema instalado.
2. Contratar os 25 kW adicionais como demanda de consumo (totalizando 75 kW de consumo)
Essa opção também é possível, mas menos econômica, já que toda a demanda estará sujeita à tarifa de consumo (mais cara). Ou seja, o cliente pagará os 75 kW sob uma tarifa mais alta, mesmo que uma parte dessa potência seja injetada na rede.
3. Reduzir a demanda de consumo para 0 kW e contratar os 75 kW como demanda de geração
Essa configuração pode ser vantajosa do ponto de vista tarifário, mas depende da aceitação da concessionária local. Nem todas permitem que o cliente zere a demanda de consumo. Além disso, a viabilidade técnica deve ser cuidadosamente avaliada, pois o consumidor ainda pode precisar consumir energia da rede em determinados momentos (como em dias nublados), e não ter demanda de consumo contratada pode gerar penalidades.
4. Reduzir a potência dos inversores para manter a demanda de geração igual à demanda contratada (50 kW)
Financeiramente viável no papel, mas com impacto na performance.
- O cliente ajusta o sistema para gerar apenas até o limite de 50 kW (potência dos inversores).
- Isso evita contratar demanda de geração adicional, reduzindo o custo fixo mensal.
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Porém, limita a geração de energia, o que pode:
- Reduzir a compensação de energia
- Aumentar o tempo de payback
- Prejudicar a viabilidade econômica do projeto
Conclusão
Ao optar por contratar o excedente da geração como demanda de geração, o consumidor:
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Economiza com tarifas mais baixas
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Aproveita melhor o investimento em energia solar
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Alinha a contratação com a legislação vigente (Lei 14.300)
Por isso, a alternativa mais comum e financeiramente atrativa é manter a demanda de consumo contratada no patamar atual e adicionar a diferença como demanda de geração, sempre respeitando o limite da potência máxima dos inversores.
Considerações finais
A Lei 14.300/2022 trouxe maior flexibilidade na contratação de demandas para consumidores do Grupo A com geração distribuída. Ao permitir a separação entre demandas de consumo e de geração, os consumidores podem otimizar seus custos com tarifas de uso da rede elétrica. No entanto, é fundamental:
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Avaliar a viabilidade econômica de cada configuração.
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Verificar as regras específicas da concessionária local.
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Garantir que a demanda de geração contratada não exceda a capacidade dos inversores.
Para projetos de geração distribuída, é recomendável consultar profissionais especializados para dimensionar corretamente o sistema e as demandas contratadas, assegurando conformidade com a legislação vigente e otimização dos custos.